Ambulantes informais no Metrô do Recife: Um mercado que só faz crescer
Quem é da Região Metropolitana do Recife e utiliza o transporte público ferroviário,
diariamente, sabe como é difícil entrar nos trens em horários de pico, aqueles que
vão das 6h às 9h e das 17h às 20h. Conseguir trafegar pelos vagões sem tropeçar em
alguma mercadoria ou não ouvir um “pipoca é $0,50, água é $1” é minimamente
impossível. Usuários do Metrô do Recife têm, cada vez mais, dividido seu espaço com
vendedores ambulantes e suas mercadorias, que ocupam não só nas estações e trens
mas também nas plataformas.
O que acontece é que o metrô já não comporta mais a quantidade de gente que
precisa dele para se deslocar pela cidade. Os intervalos entre um e outro, 5 minutos
de acordo com o Metrorec, na realidade, ultrapassam os 12 minutos. É tanta gente
reunida em um único lugar que isso despertou o interesse do comércio.
Por dia, cerca de 500 mil pernambucanos usam o metrô para se deslocarem pela capital. Os passageiros têm aprendido a conviver e a usufruir dos serviços prestados pelos ambulantes informais, que cada vez mais, com a procura e necessidade de inovação, oferecem novos produtos, que vão desde água, picolé, brinquedo e produtos eletrônicos até frios e laticínios.
O comércio ambulante, presente nas estações e vagões dos trens, existe desde a criação do metrô na cidade. Só o modal, tem mais de 30 anos de existência e o comércio informal já nasceu com ele. É uma luta antiga e sem fim. De um lado os ambulantes que precisam trabalhar e veem o metrô como oportunidade de trabalho e renda, do outro o governo e o Metrorec que tenta, por meio de leis e ações punitivas, extinguir essa prática.
No meio de todo este cenário sob trilhos, está o usuário. Por um lado, ele ganha um amplo cardápio de produtos comercializados; por outro, se cansa da superlotação de ambulantes que gritam para chamar a atenção dos possíveis ambulantes.
Toda semana tem um novo ambulante circulando no pedaço. De diferentes faixas etárias e gêneros sexuais, é notável a multiculturalidade dos comerciantes, que usam de diversos artifícios e artimanhas para conquistar os clientes. Frases cantadas, uso de paródias e instrumentos musicais improvisados, fazem parte do repertório dos mais criativos. A cada dia ficam mais numerosos, devido, principalmente, à grande crise financeira que o país está passando.
Porém, de acordo com as leis, o comércio ambulante, dentro ou fora dos trens do metrô, é proibido segundo as normas 1832/96, do governo federal, e 14846/91, do governo de Pernambuco, que tratam da proibição do comércio em áreas de transporte.